A elite do atraso
A elite do atraso, da escravidão à Lava Jato, último livro de Jessé de Souza pela editora Leya, tem como pano de fundo a crise de descrédito das instituições.
A elite do atraso
da escravidão à Lava Jato
Em meio à opção dos poderes judiciário, legislativo e executivo por se digladiarem entre si, levando o país ao precipício, o sociólogo, ao analisar a conjuntura atual, vai de encontro à parte da intelectualidade nacional, que, é claro, depreciou suas teorias sem dó.
A gênese da celeuma: o sociólogo extrai um suco aguado das teorias de… Sérgio Buarque de Holanda e Raimundo Faoro. Santa ousadia, diria um sub-herói norte-americano. Um semideus para os meios de comunicação, o juiz Sérgio Moro, também sob a flecha desmistificadora do autor, é flagrado no seu discurso anticorrupção e, em seguida, dissecado criticamente.
Jessé parece escrever GRITANDO que Buarque e Faoro se equivocam ao pôr a corrupção e o patrimonialismo como uma síntese do Brasil.
Para ele, atualmente tal linha de pensamento acentua que a elite com poder real está no Estado e não agindo no mercado.
Jessé de Souza tem como mantra a explicação do porquê a política está sendo satanizada.
A diminuição da importância do Congresso Nacional e do Executivo, na visão do escritor, gera a percepção errônea de que só o mercado salva, o que vem sendo endossado por um segmento do Judiciário que se vale do monopólio nacional da mídia para condenar não só em termos de sentença, mas sobretudo a imagem de quem pode fazer algum contraponto à ideia do Estado mínimo.
Jessé de Souza
Jessé de Souza é um defensor das conquistas dos governos do PT, e é bom avisar ao leitor sobre isso. Sua negação das teorias do patrimonialismo aplicadas ao Brasil tem causado horror em alguns círculos acadêmicos; e também é outra advertência necessária.
Mas a linguagem de um acadêmico ser provida de uma boa comunicação e compreensibilidade é algo que merece atenção. O feudalismo intelectual no Brasil fica em xeque no livro de Jessé no maremoto de polêmicas que provoca.